domingo, 5 de abril de 2009

Venha ...



Diga que a porta da minha casa é caminho para sua casa, diga que passou por aqui e sentiu saudade dos dias de sol, que estava andando sem rumo e veio parar na minha frente. Não há necessidade de assumir que sentiu falta da minha risada alta e que de repente queria me ver, eu vou fingir que não reparei.
Diga que já está tarde, que não está com muito tempo e que tem mais quinze coisas marcadas para o dia de hoje. Diga que eu não te importo nem um pouco e que há coisas muito mais importantes no mundo do que eu, mas finja que se esqueceu e fique.
Conte-me sobre a sua vida, outro daqueles casos impossíveis que você sempre arruma, outra daquelas viagens sem explicação, tomando cuidado para esconder alguns detalhes e engrandecendo outros, mas faça-me rir como criança, arregalando os olhos de surpresa a cada frase dita.
Elogie-me como se isso fosse algo incomum, como se eu não estivesse acostumada a receber elogios, faça disso um grande feito por estar partindo de você, lembre-se de coisas que eu farei questão de não me lembrar, mesmo lembrando de cada detalhe, ria dos meus medos porque você mesmo já passou por um batalhão deles e eu não rirei dos seus por mais que tenha vontade, ainda por cima te direi algo reconfortante.
Se quiser, pode até brigar comigo, apontar tudo o que você considera um defeito em mim, diga que eu sou a mesma em cada centímetro de pele só por saber que isso me mata de terror, embale uma discussão infundada sobre algo que eu goste até que eu me irrite e tenha que parar de falar, resignada por alguns segundos, te fazendo parar e voltar atrás de tudo. Feche a cara e reclame como um velho. Diga oitocentas baboseiras, me faça ter raiva, me odeie e me abandone depois, mas agora venha

..!

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